Hitler
David de Jong |
Bilionários nazistas: Livro revela os magnatas que apoiaram Adolf HitlerBilionários Nazistas, do holandês David de Jong, expõe a relação de interesses financeiros entre os grandes magnatas alemães e o cruel regime de Adolf Hitler.
PARCERIA Casamento de Magda e Joseph Goebbels, ministro da propaganda, juntos com o filho do empresário Günther Quandt: o Führer vem logo atrás, de cartola (Crédito: Divulgação)
A Segunda Guerra Mundial é, provavelmente, o evento histórico sobre o qual mais se escreveu em todos os tempos. Existem inúmeros relatos das sangrentas batalhas pela Europa, assim como há documentos sobre as atrocidades contra os judeus e as festas pela vitória dos aliados. Há um tema, porém, que sempre permaneceu nas sombras, seja pela dificuldade em obter fontes confiáveis ou pelo receio de envolver conglomerados poderosíssimos. Estamos falando do financiamento privado do nazismo, injeção de dinheiro que tornou mais eficaz a máquina de propaganda de Joseph Goebbels, levando Adolf Hitler ao poder – e o mantendo por lá firme e forte, mesmo após a escalada extremista do regime. Em Bilionários Nazistas, livro corajoso e historicamente bem fundamentado, o repórter investigativo holandês David de Jong revela como as dinastias mais ricas da Alemanha acumularam fortunas e poderes incalculáveis graças ao apoio ao Terceiro Reich.
A estratégia era clara: os empresários expropriavam companhias judaicas concorrentes e eram beneficiados com o uso de trabalhadores escravos vindos de países como Ucrânia e Polônia. Em troca, investiam em áreas que abasteciam a guerra, como a indústria automobilística, do aço e do setor químico. De Jong expõe ainda como a conivência dos EUA permitiu que esses bilionários escapassem de seus crimes praticamente sem punição, mantendo-se relevantes até hoje na economia mundial.
A cena de abertura é antológica. Três semanas após Hitler chegar ao cargo de chanceler, doze magnatas alemães são convocados para uma reunião na casa de Hermann Göring, então presidente do Reichtag. Entre os presentes estavam Günther Quandt, produtor têxtil convertido em proprietário de fábricas de armas, o milionário do aço Friedrich Flick e o barão August von Finck, do setor financeiro, entre outros. Em seu discurso, Hitler argumentou que, ao bancar sua ascensão, estariam “apoiando a si próprios, suas empresas e suas fortunas”. Ao final da apresentação, o líder alemão deixou a sala e Göring confessou o motivo do encontro: o partido nazista estava quebrado e precisava de dinheiro. “Essa eleição será a última dos próximos dez anos, talvez até dos próximos cem”, afirmou. Todos entenderam o recado. No dia seguinte, 21 de fevereiro de 1933, Joseph Goebbels, cérebro da propaganda nazista, anotou em seu diário: “Göring traz a alegre notícia de que temos três milhões em caixa. Ótimo! O trabalho será divertido, o dinheiro está lá”.
APOIO O barão August van Finck (à esq.), acompanhado do líder alemão, na inauguração do museu bancado por sua família: principal financiador do Terceiro Reich (Crédito:Divulgação)
É bom ressaltar que, apesar de alguns desses homens serem nazistas de carteirinha, a maioria deles eram empreendedores oportunistas que se tornaram membros do partido por acreditar que seria um bom negócio. A obra também aborda o processo de “desnazificação” de nomes considerados estratégicos pelo governo de Harry Truman, dos EUA. Quando a Guerra Fria começou, em 1947, a prioridade deixou ser a punição dos alemães e passou a ser a promoção da recuperação econômica do país. Os apoiadores mais radicais do nazismo enfrentaram duras condenações em tribunais como o de Nuremberg, mas outros foram beneficiados para ajudar a conter a expansão da influência da União Soviética. Veio então o plano Marshall, do secretário de Estado George C. Marshall, que ajudou a Alemanha com quinze bilhões de dólares. O país logo voltou a ser uma potência e muitas das empresas que apoiaram Hitler foram perdoadas definitivamente.
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