Se você já experimentou um inexplicável bem-estar ao entrar em um ambiente ou ao encontrar alguém, já provou o poder da energia sutil. Uma espécie de vibração positiva difícil de conceituar, mas fácil de sentir.
O que você talvez não saiba é que essa misteriosa força, também conhecida como energia cósmica, pode curar.
É com base nesse poder que se desenvolveram todas as técnicas de ativação ou transmissão energética, como a acupuntura e o reiki. Nos últimos anos, outras terapias espirituais, como o passe, o johrei e a frequência de brilho, passaram a integrar a chamada medicina complementar, que hoje tem cadeira cativa nos principais centros de pesquisa internacionais. “Dois terços das universidades de medicina dos Estados Unidos têm cursos optativos ou regulares de medicina e espiritualidade”, afirma a ginecologista Marlene Nobre, presidente das Associações Médico-Espírita do Brasil e Internacional e autora do livro O Passe como Cura Magnética (ed. FE).
A esse esforço de incorporar à medicina convencional as práticas antes ditas alternativas dá-se o nome de medicina integrativa.
“Para aceitar que uma metáfora chamada energia vital realmente corresponda a movimentos fisiológicos no organismo, é preciso mudar o paradigma da ciência. Hoje, isso já acontece e diversos especialistas preconizam ioga, meditação e terapias complementares para tratar doenças” afirma a neurologista Denise Batista de Castro Menezes, especialista em homeopatia e acupuntura e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Até a Universidade de São Paulo aderiu a essa visão. “Graças a minhas pesquisas, que aliam biologia, física e espiritismo, fui convidado pela USP para ensinar medicina e espiritualidade aos futuros médicos”, afirma o psiquiatra Sérgio Felipe de Oliveira, mestre em ciências pela universidade em que leciona. “Pela própria definição da Organização Mundial de Saúde, qualidade de vida não depende apenas de aspectos biológicos, sociais e psicológicos, mas também dos espirituais”, completa. (Coloquem nome dele no youtube ou google) Na Unifesp, onde responde pela disciplina Medicina Integrativa, Sérgio Felipe Oliveira usa passes no tratamento de pacientes que sofrem de esclerose lateral amiotrófica (doença degenerativa para a qual ainda não existe cura). “Venho observando mudanças significativas no comportamento, na postura e no humor desses pacientes, além de melhora na condição clínica. Os resultados, obtidos em dois meses, me surpreenderam.” Prática comum nas casas espíritas, o passe nada mais é do que a transmissão do fluido vital ou magnético de uma pessoa para outra. Mas, para o psiquiatra, desde que Samuel Hahnemann, o fundador da homeopatia, descreveu a técnica em seu livro O Organon, de 1810, ela tornou-se um procedimento médico. “Como a homeopatia já se tornou especialidade da medicina, o passe também pode integrar- se a ela”, diz Oliveira.
EM BUSCA DE CERTEZAS
A procura por respostas sobre o modo como as energias sutis atuam no ser humano tem impulsionado milhares de estudos. Nos Estados Unidos, a Therapeutic Touch (Toque Terapêutico), técnica similar ao passe, é bastante popular. “O método, criado pelas enfermeiras Dolores Krieger e Dora Kunz, é usado com resultados impressionantes. Trata-se de uma forma de transmissão da energia magnética pelo toque”, explica Jacob Melo, engenheiro civil pós-graduado em psicanálise, que pesquisa o magnetismo sob a ótica do espiritismo, há mais de 40 anos.
Segundo Jacob Melo, autor de "A Cura da Depressão pelo Magnetismo" (ed. Vida e Saber), o primeiro estudo verdadeiramente científico dessa terapia, focado no tratamento da depressão, está sendo realizado em Pompano Beach, na Florida, em conjunto com um grupo de pesquisadores de Baltimore, nos Estados Unidos. O magnetismo, explica ele, é uma força inerente a todos e também pode ser chamado de energia vital.
“No passe, há a transferência dessa energia de uma pessoa para outra. Quando alguém está doente, fica descompensado energeticamente e absorve o campo energético que lhe é transmitido por um doador, recuperando assim seu equilíbrio”, diz.
É a mesma visão defendida pela homeopatia. “Do ponto de vista homeopático, as doenças são a expressão da busca, pelo organismo, do equilíbrio energético perdido. As diluições que utilizamos produzem sintomas em pessoas sensíveis a elas que devem ser iguais aos da doença. Assim, tratase pelo semelhante ou, em outras palavras, a doença virtual cura a doença real, restabelecendo o fluxo energético sadio”, afirma Denise.
Para Jacob Melo, o magnetismo é o maior de todos os potenciais do humano. Pode ser aplicado para tratar patologias orgânicas e deficiências de todos os tipos. “Lamentavelmente, ainda não chegamos nem perto disso, pois há uma relutância enorme da sociedade em entendê-lo e aceitá-lo.”
CIRURGIA ESPIRITUAL
A exemplo do que ocorre com o passe, a cirurgia espiritual também envolve a transferência de energias sutis de um doador para um receptor. A diferença é que, nesse caso, os resultados, mais do que simples bem-estar e reequilíbrio, podem trazer a cura para doenças como o câncer. Foi o que aconteceu com o jornalista Gastão Cassel, 46 anos, de Florianópolis.
Os médicos indicaram quimioterapia, mas após quatro das doze sessões o paciente estava angustiado e as expectativas de cura não eram nada favoráveis. “Percebi que a medicina não dava conta de todas as dimensões da doença. Rompi com anos de formação materialista e finalmente aceitei que a ajuda viesse por outro caminho”, conta.
Cassel decidiu então procurar o CAPC (Centro de Apoio ao Paciente com Câncer), instituição filantrópica espírita na capital catarinense que oferece tratamentos complementares e cirurgias espirituais a pacientes com doenças degenerativas. Uma semana antes, uma tomografia havia mostrado três linfonodos, que chegavam a 5 cm de diâmetro, e inúmeros de menor tamanho, na região do mediastino e da cervical.