Adônis via claramente apesar de ter os olhos fechados. Via a si mesmo, dentro de si mesmo. Clara e conscientemente recordava ou lia como quem sonha e tem consciência de que está sonhando. Via a si mesmo, porém não era o mesmo. É impossível descrever aquele estado com palavras. A única comparação que se pode apresentar é o reflexo de uma pessoa ou das coisas em um espelho.
Tudo estava presente diante dele, embora as coisas percebidas estivessem longe. Via todo o conjunto nele ou era ele todo o conjunto? Não eram as coisas em si que ele via, mas sim a causa das coisas. Adivinhava ou percebia por intuição. Ele sentia:
Que era a “Luz” na “Luz” e a “Luz” no “sexo” era O Todo que contém tudo.
Que todas as religiões têm a mesma origem e a origem de tudo o que existe está na Luz e no fogo, e a Luz e o fogo estão no sexo.
Que Deus, o criador, manifesta, pelos órgãos criadores, o fogo sagrado e a luz, que criaram o Cosmo e todas as coisas visíveis e invisíveis.
Que esta luz é a imortalidade da alma.
Que este mistério é a chave da Iniciação Interna, é a porta do céu. Que a Luz é a panaceia da saúde, da felicidade e da santidade.
Que o homem e a mulher formam a divindade una, binária e trina. Que para ver Deus e falar com Ele, devem ser unidos por Ele e n’Ele.
Que quando se unem, Ele e Ela, pelo pensamento e pela sensação, forma-se a criação.
Que o verdadeiro Deus reside na luz do Fogo Sagrado e que a adoração a Deus deve ser nesse Fogo.
Que todas as religiões, não podendo conservar a Luz do Fogo, procuraram simbolizá-lo por meio de milhares de símbolos e invenções mentais.
Que a verdadeira religião não está naquilo que o homem pode ver ou ouvir, mas sim, naquilo que pode sentir sem os sentidos. E aquele que quiser chegar a Deus deve buscar o caminho da sensação e não o caminho da oração.
Que o único ser que pode dar ao homem a sensação é a mulher.
Que o homem, ao adorar a Deus, intuitivamente adora também a mulher, e esta o homem. O homem adora a mulher para produzir a sensação e a mulher adora o homem para gerar o pensamento.
Que o sexo é a força sensitiva que gera o mundo, o homem e a ação, para depois, pelo pensamento, regenerar o mundo e o homem, imortalizando sua alma.
Que o Universo se sustém e se mantém pelo Fogo-Luz do sexo, como também pode ser destruído por ele.
Que o sexo condena e salva, regenera e destrói, segundo o uso, seja para a salvação, seja para a destruição.
Que o salvador do homem ou do mundo é o sexo, assim como também é a perdição ou o demônio de ambos, mas o homem tem a liberdade de escolher entre a salvação e a condenação.
Que todas as religiões, ao adorarem Deus, sem o saberem, o estão adorando sob uma forma sexual, e como já foi dito, o sexo é o produtor do Fogo e da Luz, nas cerimônias, ritos e símbolos.
E o propósito de todas elas é manter sempre aceso o Fogo até obter a Luz; os símbolos externos, com suas cerimônias, têm por objeto auxiliar a sensação e o pensamento, ambos debilitados pelos sentidos externos.
Que o instinto sexual é o impulso da Divindade Criadora, o pensamento apenas modula a criação em harmonia ou desarmonia, em bem ou mal, em anjo ou demônio.
Que a maior desgraça do homem e do mundo está na degeneração do impulso criador e divino pelo pensamento. Por esse motivo, o homem que se fez Deus no Éden morreu.
Que assim como o sexo é a origem de todas as religiões, é também a base de todo esforço, afeto, amor, fé, caridade, compaixão, santidade, arte, poesia, e de todas as coisas sublimes que a mente humana pode criar.
Que todo reino, poder e domínio nascem no impulso criador e, por sua ausência, se extinguem.
Que o céu é a Luz do Sexo, o inferno é sua fumaça e a vida é seu fogo. Que o amor é uma manifestação do sexo e Deus é amor.
Que sem sexo não há amor e sem amor Deus não existe nem pode existir. Que o sexo, em sua fonte de manifestação, é puro como a luz; porém, como gratificação baixa, é ignóbil, e a nobreza reside no pensamento.
Que o sexo é a fonte de tudo que é criado pelo amor. Porém, o amor não pode existir na impotência, nem a imortalidade na degeneração. Porque na degeneração não há aspiração, sem esta não há geração e sem geração não há regeneração.
Com a pureza do sexo o homem pode conceber o amor que o conduz a Deus, ao passo que, com sua impureza, fabrica um Deus que tem os mesmos desejos do homem.
Os deuses vingativos, os deuses que castigam pelo pecado e pelo mal, são deuses impotentes, obra dos homens, que chegaram à impotência sexual, e quem chega à impotência não pode ver a Realidade Única.
Que Cristo, Hamsa, Buda, Hermes, Zoroastro, nada mais são do que indivíduos nos quais se manifestou a Luz Divina, e esta Luz em cada um deles os transformou em Salvadores do Mundo.
Que esses Cristos virão pela segunda vez – segunda vinda em cada um de nós, isto é, que, depois da descida ao sexo ou inferno da geração física, elevam o princípio da geração à regeneração. Então se realiza o mistério da transfiguração do Cristo no Homem.
Que todo Salvador deve nascer de uma virgem (a Luz Inefável), Mãe pura e casta, antes e depois de dar à luz seu filho.
Que a adoração do sol é a adoração a Deus-Homem, como pai que funda seu Fogo Criador na natureza da mulher.
E a adoração da lua é a da mulher, que, como a lua, influi sobre o crescimento e geração dos seres vivos.
Que os sete anjos do Senhor são sete entidades celestes emanadas do Fogo Interno e residem diante do trono do Inefável, no corpo humano.
Que os 12 signos são as 12 faculdades da Luz que se encontram no homem, Salvador do Mundo.
Que cada Salvador é a personificação da Luz do Pai e todo homem, para salvar-se e ser Salvador, deve chegar à estatura do Cristo, isto é, chegar à fonte da Luz. Todos os elementos do mal desencadearam-se contra os deuses, filhos do homem-Deus: fogo, ar, terra e água (o Dilúvio) se encontram no corpo, que se salvou graças à Arca de Noé (útero da mulher).
A primeira coisa que Noé fez, ao sair da arca, foi acender o fogo sobre um altar para dar graças a Deus (acender o fogo sagrado no altar da mulher, para cumprir a missão de Deus).
Que o mistério da iniciação, com todos os seus símbolos, é o mistério do fogo e da luz, que traz o homem iluminado ou identificado com o Sol, isto é, que recebeu a luz e se converteu em Padre, como se intitulam os sacerdotes, ou Padres Sagrados. Pelo Fogo Sagrado todos os homens são filhos de Deus e, portanto, irmãos.
Que o batismo da água é a imersão do homem na mulher, pela geração, e o batismo do Fogo é a retenção do fogo em si para fazê-lo acender e produzir a regeneração; a imortalidade consciente é a Iluminação do Espírito Santo.
O Pão é o símbolo do Sol ou Fogo-Luz do homem e o vinho no cálix é a mulher- mãe. O primeiro desce da espinha dorsal e o segundo se acha na matriz sagrada. E quando o Iniciado toma o vinho e o pão com seus discípulos internos, o Fogo do Espírito Santo invade todo o corpo e o filho sobe ao Pai, origem da Luz.
Que a invocação e oração dirigidas a Deus ou ao anjo é a vibração de um pensamento que produz certo despertar, avivando a Luz Interna. Cada dia da semana, pela Lei harmônica, produz um avivamento do Fogo em um centro particular dos sete que se encontram no corpo.
[A filosofia Ioga os chama “chacras”: segunda-feira aviva o “chacra” frontal; terça-feira, o esplêndido; quarta-feira, o faríngeo; quinta-feira, o umbilical (plexo solar); sexta-feira, o cardíaco; sábado, o fundamental (plexo sagrado), e, finalmente, domingo, o coronário.]
Que o nome de Jesus significa o Sol e o nascer na gruta significa a matriz da mulher.
Que o caos onde nasceu Osíris é a mesma matriz feminina ou caverna do útero; portanto, a mesma história de Jesus aplica-se a Osíris.
Que Ísis e Maria, ambas a personificação da mulher ideal, perfeita, podem dizer, cada uma por si: “Eu sou a Deusa cujo véu nenhum mortal ousou levantar, porque sob o meu véu se acham ocultos todos os Mistérios”.
Que José e Maria, Ísis e Osíris, Adão e Eva, são os símbolos da Divindade e pais de todos os deuses, porque os dois produzem o Filho, símbolo da Luz.
Que Vênus, Ceres, Vesta, Ísis, Maria etc., todas simbolizam a mulher, a Lua e a água, que recebe a Luz do Pai para gerar o Filho, e os três formam a Trindade em todas as religiões.
Que o fogo usado em todas as religiões antigas e modernas é o símbolo do Sol e este é símbolo do Fogo Criador no homem.
Que a cruz é o símbolo da união do homem e da mulher, que é um ato de salvação.
Que o culto da Virgem Maria é a adoração ao aspecto feminino de Deus, que está sintetizado na mulher. O parto é a criação, o mistério incompreensível, que era atribuído diretamente ao Homem-Deus; e Maria, mãe de Jesus, é a figura de Vênus, Urânia, Maia, Prosérpina, Ceres, Íris etc.
Que o lírio nas mãos de José e, às vezes, nas de Maria, é o símbolo do filho que brota do seio da mãe, como brota a flor da terra e o lótus da água.
Que a vara de Aarão ou de José é o símbolo do Poder Criador.
Que Ísis, Vênus, Maria, etc. têm o título de “Rainha do Céu”, como a Lua que regenera.
Que a Virgem deve, finalmente, pisar a Lua (elevar e dignificar o Poder Criador), para ser coroada com 12 estrelas (as 12 faculdades do Espírito).
Que os obeliscos e capitéis dos templos são emblemas do Falo.
Que o Salvador, em cada religião, é Quem simboliza o Fogo Criador, que cria um corpo para ser habitado por uma alma e logo regenerá-la, porque tal alma tem a oportunidade de salvar-se por si mesma.
Que o Salvador (o Espírito) vem ao seio da mulher por intermédio do homem, que é o representante de Deus, por intermédio do seu órgão criador, e, por isso, a humanidade antiga era mais pura, porque no ato da procriação via unicamente Deus.
Que o Falo é o signo da aliança entre Deus e o homem, por meio do rito da circuncisão.
QUE QUANDO O HOMEM LANÇA, VÃ E ESTUPIDAMENTE, SUA SEMENTE, NUNCA PODE CONHECER O REINO DOS CÉUS, PORQUE PERDE A SUBSTÂNCIA SAGRADA PARA A PRODUÇÃO DO FOGO CRIADOR, QUE O CONDUZ A DEUS POR REGENERAÇÃO.
Que sendo o homem templo do Deus vivo, dentro desse templo deve habitar o Fogo do Inefável.
Que o nome de todos os Salvadores são derivados e associados com o Fogo-Luz, criador, aquela Luz mística e espiritual invisível: Júpiter, Apolo, Hermes, Mitra, Baco, Odin, Buda, Krishna, Zoroastro, Fu-Xi, IAÔ, Vishnu, Shiva, Agni, Balder, Hiram Abiff, Moisés, Sansão, Jasão, Vulcano, Urano, Alá, Osíris, Rá, Bel, Baal, Neho, Secrópus, Salomão, Jesus… todos eles têm um nome que indica relações com a Luz e o Fogo Criador.
Prometeu, por amor à humanidade, procurou atrair ao homem o fogo divino que o fez imortal, pois nem os deuses puderam destruí-lo. Porém, os homens egoístas tomaram o fogo divino e o empregaram para a destruição mútua e desafiaram os deuses, que não podiam destruí-lo porque possuía o fogo sagrado.
Prometeu (Lúcifer), por castigado, foi encadeado a uma montanha, onde um abutre vinha devorar seu fígado (a natureza passional e emocional, que consome o homem), até que um ser humano lograsse dominar o fogo (passional) e se fizesse perfeito. Essa profecia realizam-na Jesus, Hércules, Mitra, Krishna e todos os Iniciados que salvam, pela regeneração, Prometeu, veículo do sexo, onde reside a energia solar.
Que todos os fogos dos altares são símbolos do Fogo Ígneo do sexo, e assim como a chama consome o incenso, assim também o fogo sagrado, pela regeneração, consome a natureza inferior, espiritualizando-a, como a fumaça perfumada que se eleva, como as nuvens ao céu, até o trono do Senhor.
Que o homem é o criador ou gerador e a mulher é o elemento amor ou regenerador, e, por seu intermédio, pode o fogo subir ao altar para alcançar a Luz.
Que sem o contato da mulher não há manifestação divina. E que todas as religiões são a imitação e símbolo do homem com a mulher, a fim de poderem encontrar novamente Deus.
Que o objetivo de todas as escolas herméticas, antigas e modernas, e sobretudo a Iniciação no Colégio dos Magos, era e é regenerar o homem por meio da Energia Criadora Sexual.
https://www.gnosisonline.org/tantrismo/origem-sexual-das-religioes/