Os efeitos da respiração no cérebro
Os efeitos da respiração no cérebro são importantes. Quando tornamos consciente um processo que, geralmente, fazemos de maneira inconsciente, podemos devolver o equilíbrio e a calma ao nosso organismo.
Respirar é uma atividade própria dos seres vivos. Alguns respiram pelo nariz, outros pela boca, e outros alternam entre a boca e o nariz. Todos e cada um de nós respiramos e o fazemos de uma maneira diferente. Se parássemos para observar a nossa respiração, perceberíamos que não temos respirações iguais. Hoje, iremos analisar os efeitos da respiração no nosso cérebro.
A respiração é tão importante que age como um monitor do nosso organismo, que nos alerta a respeito do nosso estado físico e emocional em um determinado momento.
Assim, se você estiver com uma respiração acelerada, é provável que esteja em uma situação de estresse, medo, irritação, alegria… No entanto, quando a sua respiração é mais pausada e profunda, o mais provável é que o seu estado seja de relaxamento, calma, sossego…
O movimento do diafragma é uma boa variável para identificar em que estado nos encontramos. Podemos utilizá-lo para analisar os efeitos da respiração no cérebro.
“A qualidade da sua respiração expressa seus sentimentos mais profundos”.-T.K.V. Desikachar-
Diferenças entre a respiração consciente e inconsciente
A respiração normal, comumente chamada de respiração inconsciente ou respiração torácica, é um processo autônomo e inconsciente que cumpre a função da hematose, garantindo o metabolismo celular por meio da oxigenação.
Consequentemente, a respiração está intrinsecamente ligada ao sistema nervoso autônomo, o qual se encarrega de regular as funções autônomas do organismo (Canet, 2006).
Por outro lado, a respiração consciente ou respiração diafragmática é uma ação que não apenas acelera e melhora o processo de respiração, mas que também afeta o cérebro e ajuda a criar espaços de sossego mental e tranquilidade (Benson, 1975).
A primeira diferença que encontramos ao manter uma respiração consciente ou controlada é a substituição da respiração torácica pela respiração diafragmática e suas implicações fisiológicas (Lodes,1990).
A respiração diafragmática aumenta o volume e a pressão do oxigênio que entra no corpo, saciando a totalidade da capacidade pulmonar, fazendo uso da totalidade dos alvéolos pulmonares e liberando uma maior quantidade de dióxido de carbono do organismo, além de provocar a ativação do sistema nervoso parassimpático, encarregado dos estados de relaxamento e calma em nosso organismo (Everly, 1989).
“Os sentimentos vêm e vão, assim como as nuvens no céu. A respiração consciente é a minha âncora”.-Thich Nhat Hanh-
Quais são os efeitos da respiração no cérebro?
São muitos os efeitos da respiração no cérebro. A respiração consciente é capaz de saciar a totalidade da capacidade pulmonar, provocando uma maior oxigenação celular, uma melhor oxigenação tissular, aumentando o controle da pressão tissular e, por conseguinte, permitindo uma maior síntese de adenosina trifosfato (ATP), que torna possível a vida celular (Baigorri, Lorente, 2005).
Isso ocorre devido a uma maior pressão cardiovascular, exigida graças à respiração consciente. Além disso, esse tipo de respiração favorece uma melhor irrigação cerebral, provocando, por sua vez, a melhora do funcionamento das diversas partes do cérebro e favorecendo as conexões entre os neurônios (Brassard, Ainslie, & Secher, 2014).
Além disso, cabe ressaltar que há estudos que demonstraram que quando a respiração consciente é utilizada como um facilitador da meditação, os exames de neuroimagem revelam que o tamanho do cérebro aumenta.
Especificamente, estes efeitos da respiração no cérebro se referem a alterações no córtex pré-frontal, em áreas associadas com a atenção e o processamento da informação sensorial.
“O ar é o seu alimento e o seu medicamentos”.-Aristóteles-
A respiração consciente também estimula o nervo vago. Aumenta a atividade do sistema nervoso parassimpático (cada vez que expiramos ou expulsamos o ar) e diminui a atividade do sistema nervoso simpático.
Esta variação provoca uma oscilação nos níveis de acetilcolina, um neurotransmissor que envia os sinais oportunos para a mediação sináptica no organismo, favorecendo a calma (Manoj et al., 2013).
De forma generalizada, a respiração consciente ajuda a manter a homeostase em nosso corpo. Com ela, podemos melhorar o funcionamento dos sistemas neuroendócrino, digestivo, circulatório, neuroquímico, e dos diversos sistemas nervosos, destacando principalmente o sistema central, autônomo e periférico.